Quem conheceu a Caroline de meros três anos atrás e tem o
prazer (depende do ponto de vista, né? Haha) de continuar me aturando sabe que
muita coisa mudou de lá pra cá. Opiniões, gostos, posicionamentos... Normal,
não é mesmo? Metamorfose ambulante e todo aquele bláblá. Porém, esse texto é
para tratar de um assunto especial. Cotas. Há três anos atrás tentava o meu
primeiro vestibular... Foi aquele sofrimento, milhões de questões, horas de
estudo (teoricamente... ahaha brincadeira, estudei sim!) e depois de tudo isso
pensava “como assim, alguém vai receber “bônus” na nota, assim de graça! Só por
ser negro! É. Eu gritava aos sete ventos o que eu ouvia por aí! O nível da
universidade vai cair! Isso é racismo! Por não eeeeeu?! Agora eu explico porque
não eu. O “bônus” recebido pelos cotistas uma vez (talvez a primeira) na sua
jovem trajetória de vida foi o “bônus” que eu ganhei A VIDA TODA. O meu “bônus”
foi ter nascido “branca”, de classe média, as escolas particulares, os livros,
os incentivos a leitura e cultura. Meu “bônus” foi não ter que trabalhar desde
criança. Meu “bônus” foi não ter sido aliciada pelo tráfico. Meu “bônus” foi
ninguém esconder a carteira quando passo. Meu “bônus” foi conseguir emprego de
forma fácil. Meu “bônus foi não ser suspeita potencial sempre que acontece um
crime perto de mim. Não ter seguranças me seguindo em todo local que eu entro.
Depois de tudo isso, será que um “bônus” na nota vai me prejudicar? Ou eu que
não soube aproveitar todos os benefícios que nem ao menos lutei pra conquistar?
Hoje, a questão é outra, 50% de vagas já estão garantidas. E que bom! Mas a
luta não termina aí! Temos que garantir que essas pessoas consigam se manter na
universidade! Que as vagas sejam preenchidas! E não me venha falar de exceções.
Não ouse citar Joaquim Barbosa ou a sua avó que venceu na vida com 891239813098
filhos. Não quero exceções. Quero justiça! Quero oportunidades iguais a todos.
Por que um negro tem a OBRIGAÇÃO de conseguir sozinho se nós temos todos esses “bônus”?
